Você tem a ilusão de controle sobre suas ações?
- Ricardo Brasil
- 16 de nov. de 2023
- 3 min de leitura

Olá nobres colegas de In!
No breve texto de hoje, quero compartilhar com vocês uma visão muito comum em integrações de empresas e que envolve o viés cognitivo natural que temos de aplicar modelos anteriores em novas realidades que encontramos. Isso não acontece por falta de modelos de solução de problemas, métodos para gestão de ambientes complexos ou predições estatísticas. A explicação é até mais simples do que, às vezes, imaginamos: nosso cérebro sempre tentará encontrar um “porto seguro” entre a ação de maior resultado e menor esforço. Não adianta! Isso faz parte da nossa essência e, dificilmente, podemos contrariá-la.
Mas e aí? Conclui-se então que somos reféns de nossos antigos hábitos e atitudes? A resposta é categoricamente: NÃO!
Recentemente compartilhei um artigo da Harvard Business Review, provocando algumas reflexões sobre o quão conscientes somos de nossos vieses. (https://bit.ly/hbrbiases).
Nessa linha, quero dar destaque a um viés muito comum (dentre “n” já mapeados pela psicologia). Como falei na abertura, em processos de integração de empresas, onde é comum nos depararmos com uma infinidade de hipóteses de projetos, solicitações e conciliações de diversos interesses, é fácil avançarmos para o campo da Ilusão de Controle. Esse comportamento foi descoberto em 1965 por Jenkins e Ward, psicólogos e pesquisadores na área de decisão comportamental. Este trabalho definiu “controle” pessoal percebido como a crença de que alguém possui a capacidade de agir e alcançar os resultados desejados (Thompson, 1981), ou sua estimativa de que um dado comportamento levará a certos resultados (Bandura, 1977).
O método experimental, buscando a prova prática, foi simples: dois interruptores e uma luz, que ficava acesa ou apagada. Jenkins e Ward podiam regular a intensidade com que os interruptores e a luz estavam correlacionados. Entretanto, mesmo no caso em que a lâmpada acendia ou apagava ocasionalmente, os participantes do experimento ficavam convencidos de que, de algum modo, tinham certa influência sobre a luz quando apertavam o interruptor.
Uma outra situação, mais próxima do nosso dia a dia, são aqueles botõezinhos presentes nas passagens de pedestres das grandes cidades. Você já parou para se perguntar: será mesmo que isso aqui tem alguma influência na velocidade de fechamento do semáforo? Da mesma maneira, já notou que os botões de fechamento/abertura de portas de vários elevadores parecem não funcionar? Pois bem, é isso mesmo. Eles estão ali de maneira figurativa, explorando o lado instrumental da ilusão de controle. Enquanto para o sistema de trânsito, ou de uma central de controle de elevadores de um grande edifício, seria um desastre um botão de liga e desliga interferindo no processo, essa simples ação “placebo” faz com que a sensação de controle ou satisfação dos envolvidos seja claramente maior.
Minha mensagem, obviamente, não é sair propondo “botões placebo” por onde quer que passe. Da mesma forma, a mensagem é que nosso controle sobre as situações precisa levar em conta nosso comportamento natural de querer buscar respostas prontas, à partir dos resultados passados. No mercado financeiro há uma expressão já muito conhecida e que simboliza bem como as integrações podem e devem ser encaradas: resultados passados, não garantem ganhos futuros.
Fundamente suas ações equilibrando, dinamicamente, as expectativas do seu projeto, suas modelagens e sinergias projetadas. Já comentei um pouco desse “beabá” em artigos anteriores. Mas como líderes e agentes de mudança, percebam que seu maior inimigo pode ser sua alta confiança em alcançar os mesmos resultados que apenas te trouxeram até aqui.
Um abraço,
Até breve!
Ricardo Brasil
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